sábado, 3 de outubro de 2015

Meu jeitinho

Não costumo ser uma pessoa socially awkward, pelo contrário, com o passar dos anos desenvolvi meu lado simpático, perdi boa parte da timidez e com o passar do tempo aprendi a me sair bem em situações públicas, de apresentações, debates, discussões. Mas eu não curto isso, sabe? Seria péssima na política porque tenho preguiça de expor o que penso, e o que sinto. Acabo escolhendo o silêncio, ainda mais se for o caso de disputar atenção com outras tantas pessoas. Gosto de conversar com poucos, conversar bem: ouvir e ser ouvida. Talvez por isso eu tenha deixado de me importar com popularidade e estar no meio de muita gente, deixei meu lado exibido para trás e mergulhei espontaneamente, cada vez mais, no grupo dos excluídos. Isso não me incomodava até que eu comecei a estagiar. 
Veja bem, somos um grupo de seis pessoas, sendo cinco meninas. Nós nos damos muito bem, contrariando a expectativa geral, cada uma a sua maneira contribui para o sucesso da equipe. Sem picuinhas ou fofocas. Acontece que somos muito, muito diferentes uma das outras. Personalidades dispares, e essas diferenças se dão, principalmente, na sociabilidade. Eu não sou a mais tímida das cinco, mas com certeza sou a mais antissocial. É fácil de perceber isso: desde o momento que chego no prédio até o momento de ir embora eu só falo com quem eu preciso falar. Dou 'bom dia' para as recepcionistas, sorrio para os colegas de trabalho no elevador, digo 'olá' para minha equipe. Esses últimos são os únicos com os quais eu converso de verdade: rio, falo besteira, brinco, discuto sobre política. Mas de resto são só sorrisos amarelos e levantadas de sobrancelha. As outras não! Conversam com todos do andar, os chamam por apelidos, saem para almoçar juntos... Eu não ligava até perceber que eu era a única da minha área no trabalho (~comunicação~) a ser tão distante das outras pessoas. Minha falta de disposição em interagir se tornou hostil, de repente as pessoas não sabiam se falavam comigo ou não, porque eu não era de falar (oi?! falo pelo cotovelo, amigo!), e ficava na minha (risos). Foi aí que coisa desandou e eu comecei a me comparar com as outras meninas, eu passei a força a barra da simpatia, a sorrir, arriscar uns contatos indiretos. Para ser sincera, tudo mal sucedido. Eu não sou assim. Me forçar a ter um comportamento que não é característico meu fez com que eu me tornasse exatamente o que afirmei não ser logo no início do texto: socially awkward.


A verdade é que nem todo mundo vai se sentir interessado em puxar papo comigo, muitos não vão se identificar comigo ou desenvolver uma amizade. Não vou ser mais ou menos querida por agir como todo mundo. Não vou ser a queridinha do escritório, ou a preferida do chefe (ugh), mas com certeza vou deixar minha marca de pessoa-calada-trabalhadeira-mas-divertida-e-doida. E assim que for aceitando meu jeito, as coisas vão se tornando menos desconfortáveis.
É preciso admitir, algumas pessoas têm muitos amigos e isso é ótimo, mas eu sou dos que tem poucos. E isso é ótimo!.


Um comentário:

  1. Uma frase que já ouvi centenas de vezes na vida foi: "nossa, mas antes de te conhecer achava que você era [insira aqui sinônimos de chata/metida/nojentinha etc etc]", porque se tem uma coisa que eu não faço questão é de socializar com todo mundo. Primeiro porque eu D E T E S T O conversa fiada e segundo porque eu sou péssima em introduzir assuntos numa conversa sem achar que estou me intrometendo demais na vida de uma pessoa que mal conheço. Mas não é que eu não goste de conversar ou seja extremamente tímida, pelo contrário, me identifiquei bastante com sua situação hahahah
    Acho que só me resta aprender a aceitar o fato que muita gente nessa vida ainda vai me achar um pé no saco. Fazer o quê.

    Beijo!

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